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Demissões na Embraer são para manter os superlucros dos acionistas

Empresa foi privatizada em 2004, mas vive sugando dinheiro público. Só nos últimos 12 anos foi beneficiada pelo BNDES com R$ 19,7 bilhões para financiar suas exportações.

Ao demitir 4,2 mil funcionários, sem se dar o trabalho sequer de comunicar o sindicato da categoria, e Embraer não só mostrou ser intempestiva, inconsequente e irresponsável, como deixou claro que age como qualquer outro grande conglomerado privado: vale tudo para manter os superlucros dos acionistas, em qualquer circunstância.

Não importa que, após a privatização em 7 de dezembro de 2004, mas vive sugando dinheiro público. Para financiar suas exportações, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aportou US$ 8,39 bilhões (ou R$ 19,7 bilhões) nos últimos 12 anos, mesmo que o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, queira dizer o contrário para isentar a ganância da empresa. Só no ano passado os créditos somaram US$ 542,3 milhões (ou R$ 1,27 bilhão).

Além disso, o governo tem sido um grande cliente, um a vez que mais de 50% das aeronaves da Força Aérea Brasileira foram fornecidas pela Embraer. Some-se a isso o fato de seus principais técnicos são formados pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA). Ou seja, é o Estado brasileiro quem garante mão-de-obra altamente qualificada. O governo brasileiro também responsável pela defesa da Embraer na Organização Mundial do Comércio (OMC) no contencioso com a canadense Bombardier, exatamente em função dos créditos às exportações.

Isso tudo possibilitou um aumento exponencial do lucro líquido da empresa, que totalizou R$ 4,048 bilhões nos últimos seis anos (até o terceiro trimestre de 2008).

A Embraer alega que teve que rever a estimativa de entrega de aeronaves para este ano, de 270 para 242. Só que este novo número de unidades a ser entregue ficará acima do registrado no passado, 204, e se constituirá em um recorde.

Entre os acionistas da Embraer estão a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, com participação de 14,2%, constituindo-se no maior acionista individual, seguido do Grupo Bozano, com 10,4%. O Grupo Europeu (Dassault Aviation, Thales, EADS e Snecma) tem 7,5% e o Sistel,7,35%. O BNDES, através do BNDESPar, possui 5,2% e a União possui 0,32%, incluindo uma “golden share”, uma ação de classe especial que dá poder de veto em questões estratégicas.

Faz bem as entidades que representam os funcionários da Embraer em ir à Justiça para reverter as demissões. Também faria bem o BNDES se parasse de repassar fabulosas quantias de recursos – em grande parte do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) – a grandes conglomerados privados para depois promoverem demissões.

 

fonte: Boletim Eletrônico CGTB

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